domingo, 30 de agosto de 2009

Meus girassóis



Meus girassóis

Num jardim de milhentas plantas com variadíssimas cores e formatos, sobressaem de um cantinho muito particular duas plantas bem diversas – dois lindos girassóis.
Um girassol grande e um girassol pequeno, porque sou uma apaixonada desta flor logo as adoptei.
O meu girassol grande já tem outros interesses, o crescer, verificar se as folhas estão verdinhas, ver uma a uma as pétalas, se estão brilhantes e em perfeitas condições, bem humedecidas pelo orvalho da noite.
“… As flores do girassol, reunidas em inflorescência característica, são chamadas de capítulo. O receptáculo floral que contém o capítulo pode ser côncavo, convexo ou plano, sendo mais comum a forma plana…”
Ora bem, o meu girassol pequeno como é uma zeladora da terra, apaixonou-se pelo golfinho fêmea chamada “ Fyfy” e seu namorado Zipper, a paixão é tão forte que cuidou para que não houvesse desleixo da minha parte e colocasse a Fyfy e seu amado Zipper no meu blogue.
É com grande orgulho,que os coloquei aqui, para os ver com prazer e alegria sempre que abrir este meu local de trabalho.
30-08-2009
Margarida Simão

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Lágrima de preta


Lágrima de Preta

Composição: António Gedeão

Encontrei uma preta
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado

Olhei-a de um lado
do outro e de frente
tinha um ar de gota
muito transparente

Mandei vir os ácidos
as bases e os sais
as drogas usadas
em casos que tais

Ensaiei a frio
experimentei ao lume
de todas as vezes
deu-me o qu´é costume

Nem sinais de negro
nem vestígios de ódio
água (quase tudo)
e cloreto de sódio

Publicado por
Margarida Simão

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Rosas de porcelana




A janela estava aberta para que entrasse o fresquinho da manhã. De olhos ainda fechados, mas com uma preguiça de me levantar fiquei ali na madorna, saboreando os raios de sol que teimavam em me bater na cara.
Na moleza que me encontrava e como tudo em redor era silêncio, de repente comecei a ouvir um barulho, originado pelo pouco vento que corria, e como que a querer sacudir a preguiça que me invadia…
Mas a curiosidade era maior que o sono, e apesar de não ter programa para o dia decidi levantar-me. Espreguicei-me longamente e foi ver de onde provinha aquele som de “bate-bate” diferente mas provocado pelo vento.
Saí para o quintal apenas com o pijama fininho, e logo tiritei, estava um griso que fez arrepiar, mas a curiosidade logo fez esquecer o frio.
Espanto o meu, um caracol agarrado à haste de um pequeno arbusto, e que era arremessado consecutivamente de encontro à janela! Mas o pobre caracol bem agarrado não desistia da sua subida.
O quintal estava bem florido, e com cautela agarrei no animal e pousei-o junto a umas belas flores , existentes num canteiro e que nesta altura do ano tem as mais belas e variadas cores e n os mais diversos formatos.
No meio daquele vaso gigante de cores estava uma que se distinguia das demais pela sua beleza fora do comum. Era uma “ Rosa de Porcelana” a sua origem é africana, da zona de Lunda Norte e Lunda Sul de Angola. Desconheço como vieram aqui parar.
Mas como a sua beleza me deixa sempre extasiada retirei o caracol cuidadosamente para que a sua carapaça não continuasse a bater na janela e coloquei-o delicadamente junto às rosas, claro que ele não se fez rogado o local para ele fazer o seu passeio matinal era bem mais agradável, do que a bater nos vidros das janelas.
Belíssimo despertar o meu, porque todos os meus sentidos ficaram alerta.
Os meus olhos rejubilaram com o brilho do sol e o brilho das flores ainda cobertas de orvalho.
O meu olfacto ficou enlevado com os cheiros de terra molhada, com o suave perfume que as flores enviavam sempre que eram sacudidas pelo vento. Cheiro suave e uma mistura diversa, mas que no seu conjunto nos envolve e nos eleva, e é indescritível descrevê-los tal a sua diversidade.
Com o meu tacto bem apurado deslizei os dedos sobre as folhas, flores e suas pétalas uma a uma, macias que pareciam seda faziam-me lembrar a pele de bebé de meus filhos e netas, e meus dedos foram-se passeando ao de leve entre esta grande variedade de cores, cheiros e maciez destas divinas plantas com seus caracóis pachorrentos passeando por elas e que tanta alegria e paz me transmitem…
Estava de tal modo abstracta do mundo que dei comigo a comer umas lindas pétalas das rosas de porcelana! E para meu próprio espanto acabei por fazer concorrência aos caracóis, o gosto era fabuloso, adocicado e fresco, que não resisti e acabei por fazer uma degustação às pétalas de outras plantas orvalhadas que estavam no jardim, e na realidade as plantas assim como são lindas à vista, são deliciosas ao paladar.
Parei de comer para ouvir uns zumbidos de abelhas e outros insectos que me estavam a fazer concorrência. Na visita às belas plantas até uns passarinhos de v´~arias cores vieram beber o maravilhoso néctar daquelas flores…
Com todo a beleza que me envolvia e como estávamos numa bela manhã de sábado de uma Primavera já avançada, decidi e fui vestir uns calções velhos, vesti uma blusa leve mas bem usada, umas sapatilhas frescas mas óptimas para caminhar, agarrei no meu mp3, onde tenho alguma da minha música preferida, coloquei um chapéu de palha na cabeça, e lá segui eu pelos montes saboreando e respirando o ar puro e leve da serra, feliz com o que via e sentia em meu redor.
O manto de neblina se elevava do chão provocado pelo calor ainda fraco do sol, era um espectáculo que me transportava ao mundo esfusiante de felicidade, era o meu tempo “ suspenso”.
Maio 2009
Margarida simao

A paz na ilha




Dormi mal, voltas e mais voltas, será que os lençóis têm picos ou urtigas? Não! O defeito era meu.
Na realidade a noite foi difícil, porque a mente estava ocupada com o que me propunha fazer no dia seguinte…
Mas fez-se manhã e às 6.30 horas levantei-me, enfiei umas calças de ganga e um casaco polar, que tenho para o efeito e lá vou eu com a minha companheira à rua, fazermos a nossa caminhada matinal, com a frescura que se fazia sentir naquela manhã de Abril. O sol a medo a romper no horizonte, fazia lembrar-me constantemente a minha azáfama para esse dia...
Eu sabia que se queria tanto ter aquelas conchas, aqueles búzios, as estrelas do mar, e a flora submarina, que tanto me encanta, tanto na cor, tacto e cheiros... teria que me aventurar, lançar ao mar, nadar com calma e saborear cada braçada…A distância era pequena, mas o receio de fazer o trajecto sozinha, deixava-me inquieta.
Ambicionava a conquista daquela ilha, situada mesmo na foz do Tejo, que só as gaivotas utilizam para descansar de suas pescarias e que nos oferece uma paz que não há dinheiro que pague. Para além disso eu poderia com minha busca e persistência, colocar dentro do saco que iria levar para o efeito, as minhas conchas em forma de leque, os meus búzios de vários cores, para que mais tarde pudesse ocupar o meu tempo fazendo meus trabalhos manuais, que tanto prazer me dão.
Mas ainda agora estava a voltar da minha caminhada e já estou a divagar, sobre o que farei... O certo é que estava com a barriga às voltas, e sentia os braços e as pernas a tremelicar… não podia!
Tomei meu banho, com uma minúcia diferente, escolhi uma roupa simples mas cuidada, tanto a interior como a exterior, besuntei-me com um pouco de creme, tive o cuidado de não pôr perfume, porque era desnecessário visto ir para dentro de água, mas tive que pintar os olhos com cuidado, sombra branca. Com o lápis fino delineei o risco - faz mesmo parte de mim este risquinho!
Almocei, e lá segui caminho.
Segui pelo caminho mais rápido, que nos leva para a ilha, o trilho das gaivotas é excelente.
Claro que cheguei à ilha mais cedo do que o que tinha pensado.
O trajecto correu sem incidentes, apesar da barriga ainda andar às voltas...
E, quando cheguei àquele pequeno espaço só meu, das gaivotas e de outros pássaros de que não sei o nome, o céu de um azul transparente e umas nuvens, um pouco mais escuras, de volta e meia apareciam, mas logo desapareciam para me deixarem contemplar o sol, que logo surgia e me aquecia até os ossos...
E o meu espanto que até a dor de barriga desapareceu como que por milagre, as conchas eram lindas com umas cores bem vincadas mas suaves, mas antes de começar a juntá-las, dei uma bela caminhada pela ilha. Há muito tempo que não aparecia por ali vivalma… Corri, rebolei tipo croquete, as corridas na água fizeram-me rir, pois quanto mais corria mais me molhava, mas era delicioso tudo o que me estava a acontecer...
Então agarrei no saco e comecei a fazer a minha busca, encontrei búzios, grandes e pequenos de variadíssimas cores, o mesmo aconteceu com as conchas, aproximei-me das rochas com a água pelos joelhos e apanhei umas lapas bem agarradas às pedras, mas com uns tons lilás e azul fora do comum. E, incrível, até encontrei uns ouriços do mar, redondinhos com seus picos e achatados nos extremos, lindos... ainda me entretive bastante na sua observação, nem os tirei do seu habitat, porque seus picos são frágeis e não quero molestar os habitantes da ilha, não foi essa a minha ideia quando vim até cá...
O sol estava quente mas não em demasia, o calor que sentia era até bem confortável, como que mágico a acariciar-me o corpo, depois de uma azáfama de tanto contentamento que me fez perder a noção do tempo.
Mas ainda fui junto às rochas pela água dentro buscar umas plantinhas cor-de-rosa velho para pôr dentro de meu saco.
Que infantilidade até me veio à ideia de um filme muito badalado na época “ A lagoa azul “ pelo facto de me encontrar só com o céu a servir de tecto e a usufruir de tanta beleza de uma tranquilidade fantástica tudo o que a mãe natureza tem para nos ofertar.
Depois de ter recolhido todos os meus importantes achados, entretive-me a dispô-los na areia e imaginar as belezas que iria conseguir fazer desde colares, pulseiras, sacos de praia, enfim uma infinidade de trabalhos que a imaginação me haveria de ajudar.
Então todos os achados espalhados e vistos com os raios de sol a embelezar o que ficou representado, se transformaram num belo ramo de flores, de várias cores, as conchas de leque a servirem de rosas, os búzios flores silvestres, até as flores aquáticas com os tons salmão, formavam uma harmonia de cores e paz...
Deitei-me junto aquela inexplicável beleza, e sonhei, que o mundo emanava paz e muito, muito amor...


28/04/2009
Guida