segunda-feira, 21 de junho de 2010

"José Régio e o seu burro" por Hermínio Felizardo


Soneto quase inédito


Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.

Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.



JOSÉ RÉGIO Soneto escrito em 1969, no dia de uma reunião de antigos alunos.

Tão actual em 1969, como hoje...

E depois ainda dizem que a tradição não é o que era!!!

sábado, 19 de junho de 2010

SÍNDROME DA DESORDEM DOS CINQUENTA...


Querida A...Laur, não, Manuela...não me parece ! mas que é uma ave muito linda, ai disso eu me lembro porque vi uma fotografia dela com um macaco na mão. Estavam lindos os dois!
Pois foi mas...já não me lembro do que ia dizer...Acho que a esta hora já devia ter consultado o correio especial, mas como tive que ver o Dr. H...qualquer coisa, só no intervalo é que tenho tempo para ver a classificação do US OPEN, onde o Tiger está pendurado numa má posição. Por pendurado prometi a uma ave conhecida - já falo com as aves? - qualquer coisa parece que para pendurar um urso. Bem deve ser uma corrente bem forte, porque um urso é coisa para pesar uma tonelada. Como os ursos - não sei se este é pardo ou panda, começa por p , isso eu sei, como ia dizendo o Woods está a jogar cada vez pior por causa das bonecas com que se meteu, e não são as bonecas que prometi ao ... quem? Vistas bem as coisas, tenho que me lembrar de informar o Vitor que o avião de segunda-feira está mais do que atrasado e só vai sair lá pelas 12 ou 14 da tarde. Mas ainda não é tarde, aliás nem cedo, para fazer as malas. Julgo ou tenho a certeza de que hoje é sábado não deixando por isso de ter tempo para telefonar ao restaurante para pedir garoupa cozida para o almoço. Por almoço, o José ainda não me disse para quando é que quer a caldeirada. Espero que não seja para amanhã! Antes de fazer o café da manhã, tenho que telefonar à mulher dele - bonita e simpática, por sinal - para lhe dar a receita dos scones que tirei da internet. Ah, é verdade! Verdade? Pois na verdade...já não lembro do quê...
Tens a certeza de que o gajo não tem ou tinha o tal síndroma da velhice trocada? A frase parece bonita, mas o tal síndroma que me mandaste pode andar por aí... Mas gosto do sentido do que diz, especialmente da parte da alimentação.
E eles sabem onde moro? Vê lá se vão parar a um engano qualquer! E é a mim que fazem falta! Vê lá bem as coisas!
Pois foi mas...já não me lembro do que ia dizer...Acho que a esta hora já devia ter consultado o correio especial, mas como tive que ver o Dr. H...qualq
O teu muito querido
Teapot

P.S. Será que é costume mandar uns beijinhos em anexo? tenho que ir ver à agenda...

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Cão D'Água Português


Patuda-Borrega.
Já não existes mas deixaste cá em baixo a tua companhia de muitos anos. Com o teu feitio amigo fizeste feliz uma Mulher carente de amor e calor humano. Calor humano numa cadela? Claro que sim, por que nâo? O calor humano é a relação que se consegue entre dois seres, se um deles for um humano, melhor. Mas tu Patuda - bem sei que não é esse o teu nome, mas é o que ficou, que queres? - se não falavas - defeito da Natureza... - transmitias sentimentos e sabias o que a tua dona, ou melhor, companheira queria e sentia. Estavas ali quando a solidão dela mais precisava, rias (abanar a cauda era a tua forma de rir, já se sabe) e se calhar até choravas se a vias triste. Por isso te digo que tinhas calor humano!
Sei que a tua companheira sente imenso a tua falta. Tens que lhe fazer sentir que mesmo lá nos prados para onde foste, continuas a olhar por ela e a fazer-lhe companhia. É importante que lhe faças chegar o sentir de que ela não deve continuar triste porque só mudaste de sítio, que agora já não tens dores nem doenças, por isso melhor podes cuidar dela. Vais ver que assim a farás mais feliz, como se tu ainda andasses por aqui.
Dorme bem
Um amigo

terça-feira, 8 de junho de 2010

Talula Maria



A minha companheira e amiga de 15 anos.
Deixaste-me borrega estou muito triste e zangada ainda tinhas mais uns anos para me alegrares com a tua bela e bondosa companhia...
Obrigada minha amiga foste uma das melhores coisas que pela minha vida passou! Estarás sempre em meu coração, gostei/gosto de ti como um elemento especial da familia, e que não queria que virasses estrelinha sem mim... Mas estava na hora de ires para junto do teu namorado e amigo Suby, agora vejo lá em cima quatro estrelas brilhantes e tu sabes bem quem são!...
Minha Talula Maria do coração.
Nasceu 2 Fevereiro 1995
Nasceu estrelinha 5 de junho 2010

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Um bom contador de histórias, meu pai.


Apesar de só ter aprendido a escrever e ler em Cabo Verde, local para onde foi obrigado a ir fazer o serviço militar, tinha uma letra bonita de fazer inveja aos doutores... E um dicionário sempre em cima da mesinha de cabeceira.
A sua profissão era sapateiro, mas trabalhava no campo e todos os biscates que apareciam serviam para ganhar mais uns trocados, para comprar o peixe ao domingo, quando vinha da missa. A sua riqueza era os braços de trabalho, e a honestidade.
Nasceu em 1920 e como não havia registo da maior parte das coisas, os feitos eram passados de boca em boca. Assim, nas tardes de domingo, era vermos o pessoal da aldeia em redor do belo sapateiro, cada um contando as suas histórias desde “almas penadas”, “bruxas malvadas”, a outras do diz-se que diz, e o sapateiro contou:
Já verificaram que quando vou à vila da Lourinhã, nunca lhe dou esse nome? Digo sempre: Vou à terra da Loba. E aproveitou a contar tudo o que sabia.
Existia no concelho uma casa senhorial que nos anos 30 do séc. XX, era habitada por uma senhora de nome Amélia do Perdigão. Tinha uma cadela de guarda de uma beleza fora do comum. Certo dia a cadela apanhou os grandes portões de ferro abertos e ala que aí vai ela, liberdade que me chamas, e metendo-se por esses matagais adentro...
Passados uns dias caçadores dessa zona que só apanhavam uns coelhitos de volta e meia deram de caras com o animal daqueles e pensando que era uma loba, aqui vai a disparar, matando a bela cadela branca. Ora bem uma loba naquele local era coisa estranha, nunca ninguém tinha verificado tal. Aí os indivíduos viram um furo de angariar una escudos extras, para tal levaram o animal para a praça do coreto e puseram-na em exposição, quem quisesse ver a raridade tinha de pagar bilhete...
Então surgiu a canção:
D. Amélia do Perdigão pois então,
Tinha um cão de sentinela,
Mas não ficou satisfeita a sujeita,
Por lhe terem morto a cadela,
Depois da cadela morta o que importa,
Por esses aragões,
A dona do animal se quis ver o funeral
Teve de pagar cinco tostões...

domingo, 6 de junho de 2010

Dar e receber


Cada um recebe de acordo com o que dá.
Se derem ódios e indiferenças
Irão recebe-los de volta...
Mas se der atenção e carinho
Há-de ver-se cercado de afecto e amor,
Ninguém se aproxima do espinheiro
por causa dos espinhos,
Nem do lodo porque se suja...
Mas todos apreciam permanecer perto das flores
Que espalham beleza e perfume.
- Só um coração aberto recebe amor,
Só uma mente aberta recebe sabedoria,
Só mãos abertas recebem presentes,
Só pessoas especiais recebem mensagens minhas.
Beijos
Gtans Aprendia

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Olhares



Olhei-te nos olhos, deixei de os ver...
Mergulhei dentro deles comecei a viver.
O lago está tépido e sua cor serena,
Mergulhei mais a fundo e o que encontrei?
Tanta bondade escondida, ternura até mais não,
Agarrei-me na margem pensei que a juncos...
Mas ao verificar fortes pestanas onde me agarrar,
Meus olhos sorriram ao olhar o sol com a tua irís,
A cor é mais linda, o sol mais brilhante, os lagos são dois
Espelhos dos meus, sinto-me flutuar e bendigo aos céus.
02de Junho 2010