quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Natal de Quem?


Do peru, das rabanadas.- Não esqueças o colorau,
O azeite e o bolo-rei!- Está bem, eu sei!
- E as garrafas de vinho?- Já vão a caminho!
- Oh mãe, estou pr'a ver que prendas vou ter.
Que prendas terei?
- Não sei, não sei...
Num qualquer lado,
Esquecido, abandonado,
O Deus-Menino Murmura baixinho: - Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?
Senta-se a família À volta da mesa.
Não há sinal da cruz,Nem oração ou reza.
Tilintam copos e talheres.
Crianças, homens e mulheres
Em eufórico ambiente.
Lá fora tão frio,Cá dentro tão quente!
Algures esquecido,Ouve-se Jesus dorido:
- Então e Eu,Toda a gente Me esqueceu?
Rasgam-se embrulhos,
Admiram-se as prendas,
Aumentam os barulhos Com mais oferendas.
Amontoam-se sacos e papeis Sem regras nem leis.
E Cristo Menino A fazer beicinho: - Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu? O sono está a chegar.
Tantos restos por mesa e chão!
Cada um vai transportar
Bem-estar no coração.
A noite vai terminar
E o Menino, quase a chorar: - Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu? Foi a festa do Meu Natal
E, do princípio ao fim,Quem se lembrou de Mim?
Não tive tecto nem afecto!
Em tudo, tudo, eu medito
E pergunto no fechar da luz:
- Foi este o Natal de Jesus?!...

João Coelho dos Santos
In Lágrimas do Mar – 1996
“O meu mais belo poema de Natal”BOAS FESTAS – FELIZ 2011

1 comentário:

  1. Hola Margarida, realmente precioso poema, hace tiempo que lo leí en español y me gustó mucho, asi es como se toma la Navidad en el tiempo en que vivimos con tanto consumismo, comida, bebida y diversión, quien se acuerda del niño? de quien es el cumple-años?.
    Que tu Navidad haya sido maravillosa y tu nuevo año más feliz que el anterior.
    Un abrazo.
    Ambar.

    ResponderEliminar