domingo, 21 de agosto de 2011

Almoço

Apesar de toda a minha vida ter sido uma vida dura de trabalho e de luta, sempre me incomodou ver a meu lado gente necessitada, nem que fosse de uma carícia nas mãos ou de um sorriso acompanhado de uma doce palavra...
Por este motivo antes de me aposentar já tinha contactado, várias instituições para poder oferecer os meus préstimos a bem de todos os que deles precisassem, sem ter de me importar com religiões, credos, política ou cor, o meu intuito mesmo era prestar serviço útil, que pudesse alegrar um pouco os corações, dos que sofrem e que nós a maior parte das vezes nem nos apercebemos.
Foi com a liga dos amigos do Hospital Garcia de Orta , o primeiro contacto, e com os “ Meninos do Dar à Costa, na Costa da Caparica
Aí aprendi que a dádiva não é minha, mas sim de todos nós que nos debruçamos sobre uma causa,
Aprendi que recebo muito mais carinho, gratidão, ternura, do que a que dou, porque cada palavra que ouço é uma palavra que chega do coração tanto do meu para quem precisa, como de quem precisa para o meu.
E aí eu penso: Existe tanta gente que dorme tranquila porque em determinado dia contribuiu com 1€ euro +/- e ficou na lapela com um autocolante para mostrar, ou uma moeda dada ao arrumador e aí dorme tranquilamente na sua cama pensando que por ter dado esta migalha de contributo se sente com o dever cumprido.
A vida para mim não é assim. Para mim a vida é uma partilha constante com todos os que me rodeiam, desde que necessitem e eu saiba, eu estou lá, sem títulos nem autocolantes na lapela...
Já dizia o poeta: “ ... Estamos todos bem servidos de solidão. De manhã a recolhemos do saco, em lugar do pão, o que recolhemos?... SOLIDÃO ...”
Lutemos para que esta solidão não se instale mais com as gentes deste país.
Não sei amar pela metade, quando amo... amo...
Sou sempre a mesma , sou mesmo assim, gosto de partilhar...
Mas certamente não serei a mesma para sempre, Deus o saberá.
6 de Maio de 2011
Margarida Simão