terça-feira, 6 de julho de 2010

O MENINO DOS PÉS FRIOS



Era uma vez uma casa. Muito grande. Com um tecto altíssimo, nem sempre azul. Uma casa enorme onde habitava uma grande família: uma família tão grande que, por vezes, não julgavam os seus membros que se conheciam. E se deviam amar.

Houve um menino que entrou nesta casa estava ela toda branca. No chão tapetes de neve, cristais de água de uma brancura que estremecia. E as próprias árvores escorriam essa brancura. E frio. Iluminava-a uma estrela tão brilhante que, sobre o tecto, parecia que poisava sobre as nossas mãos.

Ora um dia, em que fazia anos em que esse menino entrara nessa casa, outro menino por ela andava com frio. Pelo chão, pelos milhões de cristais, caminhavam os seus pezitos enregelados. Tanto frio que nem podia
olhar a estrela brilhante. Nem os milhões de cristais que pisava.

Uma mulher chorava a um canto dessa casa. E era triste essa mulher. Estava triste e cansada. Na casa nem tudo era belo. Ali estava aquele menino cheio de frio. E, como ele, tantos meninos.

E, já há quase dois mil anos, um menino entrara na asa, que ficou mais clara com a luz brilhante do tecto. O menino entrou só para dizer uma palavra pequenina: AMOR.

Então essa mulher perguntou ao menino dos pés frios:

– Tu não tens a tua casa?

O menino olhou a mulher triste e ficou triste. Ambos estavam tristes. E disse quase envergonhado que não.

– Tu não tens roupa? Sapatos? Um lume? Pão?

A cabeça (tão linda!) do menino ia abanando sempre a dizer não. A mulher triste começou a ter vergonha.
Então ela consentia que na sua casa, na casa de todos, de tecto nem sempre azul, houvesse um menino sem roupa, sem lume, sem pão? Ela consentia uma coisa assim? E os outros também?

Escorregaram-lhe pela face já enrugada duas lágrimas transparentes. De água. Água como a que tombava do tecto, como a que se estendia nos mares.

E perguntou mais ao menino:

– E para onde vais? Eu dou-te qualquer coisa para o caminho...

O menino olhou para ela admirado. Não lhe disse para onde ia. Observou-lhe apenas:

– Tens duas gotas de água nos teus olhos que reflectem o céu azul e a lâmpada do tecto. Não sentes?

A mulher deixou cair pelo rosto enrugado as duas lágrimas. A pele, então, ficou-lhe mais lisa. E ela tornou-se menos curva. Ergueu-se. Estendeu, sorrindo, os dois braços ao menino. E disse:

– Fica. Perdoa.

E o menino ficou. Nos seus braços. Encostado ao seu peito. Com os pés aquecidos sobre o campo de neve.

E a mulher entendeu que não adiantava chorar ao canto da casa. E o seu vestido era uma bandeira. E o seu coração uma flor. Com o menino a seu lado...
Escrito por(Matilde Rosa Araújo)

8 comentários:

  1. se cerro de golpe,estaba comentando lo bello de la narracion,que me gusta mucho...queria comentarte que he sido incluída en la SOCIEDAD DE ESCRITORES CHILENOS, como extranjera, y tengo obligaciones,enviar por semana trabajos, y buscar un blog cultural, cuestion harto compleja y dificil!
    un abrazo
    lidia-la escriba

    ResponderEliminar
  2. hola paso a saludarte y agradecer,por estar!
    que tengas un buen finde lo mejor para vos
    un abrazo
    lidia-la escriba

    ResponderEliminar
  3. muito sentimentalão tal como regius

    ResponderEliminar
  4. Hola, Margarida: Gracias por seguirme.
    Te he concedido el premio DARDOS II por los valores humanos de tu blog

    Te comprometes a compartirlo con 15 seguidores tuyos.
    PUEDES PASAR A RECOGERLO A MI BLOG. ¿Una mujer aún desconocida para nosotr@s?
    http://wwwunamujeraundesconocidacom-guy.blogspot.com/

    Haz lo mismo que yo he hecho repartirlo entre 15 seguidores tuyos. ¡Enhorabuena!
    Un fuerte abrazo

    ResponderEliminar
  5. ...traigo
    sangre
    de
    la
    tarde
    herida
    en
    la
    mano
    y
    una
    vela
    de
    mi
    corazón
    para
    invitarte
    y
    darte
    este
    alma
    que
    viene
    para
    compartir
    contigo
    tu
    bello
    blog
    con
    un
    ramillete
    de
    oro
    y
    claveles
    dentro...


    desde mis
    HORAS ROTAS
    Y AULA DE PAZ


    TE SIGO TU BLOG




    CON saludos de la luna al
    reflejarse en el mar de la
    poesía...


    AFECTUOSAMENTE
    MARGARIDA SIMÂO

    ESPERO SEAN DE VUESTRO AGRADO EL POST POETIZADO DE CACHORRO, FANTASMA DE LA OPERA, BLADE RUUNER Y CHOCOLATE.

    José
    Ramón...

    ResponderEliminar
  6. Lindo relato lleno de sentimientos y contrastes.
    Un beso.

    ResponderEliminar
  7. hermoso relato...
    te dejo un abrazo
    gracias
    lidia-la escriba

    ResponderEliminar