quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Uma Fábula Judaica


Três mulheres conversando ao lado de um poço. Um velho as escutava.
A primeira mulher dizia:

- Meu filho é muito forte, corre e pula.
A segunda dizia:

- O meu filho canta como os passarinhos.
A terceira mulher nada dizia, então o velho perguntou:

- Você não tem filhos?
Ela respondeu:

- Tenho, mas ele é um menino normal como todas as crianças.
As três mulheres pegaram seus potes cheios de água e foram caminhando.

No meio do caminho, elas pararam para descansar e o velho homem sentou ao lado delas.
Logo elas viram seus filhos voltando para perto delas.

O primeiro vinha correndo e pulando, o segundo vinha cantando lindas canções.

O terceiro não vinha pulando nem cantando, ele correu em direção a sua mãe

e pegou o pote cheio de água e levou para casa.
Então as três mulheres perguntaram para o velho homem:

- O que o senhor achou dos nossos filhos?
E o velho homem respondeu:

- Realmente, eu acabei de ver três meninos, mas vi apenas um filho.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

VIVER DESPENTEADA




Decidi aproveitar a vida com mais intensidade...
O mundo é louco, definitivamente louco...
O que é bom, engorda. O que é lindo, custa caro.
O Sol que ilumina o teu rosto, enruga.
E o que é realmente bom nesta vida, despenteia...

- Fazer amor - despenteia.
- Nadar - despenteia
- Pular - despenteia.
- Tirar a roupa - despenteia.
- Brincar - despenteia.
- Dançar - despenteia.

- Dormir - despenteia.

- Beijar com ardor - despenteia.


É a lei DA vida: Vai estar sempre mais despenteada a mulher que decide andar na montanha russa, que aquela que decide não subir.

Por isso, a minha recomendação a todas as mulheres: entrega-te, come coisas gostosas, beija, abraça, dança, apaixona-te, relaxa, viaja, salta, dorme tarde, acorda cedo, corre, voa, canta, arranja-te para ficares Linda, arranja-te para ficares confortável, admira a paisagem, aproveita, e acima de tudo:

Deixa a vida despentear-te!!!!

O pior que pode acontecer é que precises de te pentear de novo...

domingo, 17 de outubro de 2010

Se, se, se!...


Se podes conservar e teu bom senso e a calma,
Num mundo a delirar, p’ra quem o louco és tu;
Se podes crer em ti, com toda a força d’alma,
Quando ninguém te crê, se vais faminto e nu
Trilhando sem revolta um rumo solitário;
Se à torva intolerância, à negra incompreensão
Tu podes responder, subindo o teu calvário,
Com lágrimas de amor e bênção de perdão;


Se podes dizer bem de quem te calunia;
se dás ternura em troca aos que te dão rancor,
mas sem a resignação dum santo que oficia,
nem pretensões de sábio a dar lições de amor;
se podes esperar sem fatigar a esp’rança;
sonhar mas conservar-te acima do teu sonho;
fazer do pensamento um arco de aliança,
entre um clarão do inferno e a luz do céu risonho;


se podes encarar com indiferença igual,
o triunfo e a derrota – eternos impostores;
se podes ver o bem oculto em todo o mal
e resignar, sorrindo, o amor dos teus amores;
se podes resistir à raiva ou à vergonha
de ver envenenar as frases que disseste
e que um velhaco emprega, eivados de peçonha,
com falsas intenções que tu jamais lhes deste:


se és um homem para arriscar todos os teus haveres
num lance corajoso, alheio ao resultado
e, calando em ti mesmo a mágoa de perderes
voltas a palmilhar todo o caminho andando;
se podes ver por terra as obras que fizeste,
vaiadas por malsins, desorientando o povo,
e sem dizer palavra e sem um termo agreste
voltares ao principio, a construir de novo;


se quem conta contigo encontra mais do que conta;
se podes empregar os sessenta segundos
dum minuto que passa, em obra de tal monta;
que o minuto se espraie em séculos fecundos;
se vivendo entre o povo és virtuoso e nobre
ou, vivendo entre os reis conservas a humildade;
se amigo ou inimigo, o poderoso e o pobre
são iguais para ti, à luz da eternidade;



então o ser sublime, o mundo inteiro é teu!
Já dominaste os reis, os tempos e os espaços;
Mas ainda p’ra além um novo sol rompeu
Abrindo o infinito ao rumo dos teus passos;
Pairando numa esfera acima deste plano
Sem recear jamais que os erros te retomem,
quando já nada houver em ti que seja humano,
alegra-te meu filho, então serás um homem.
Rudyard Kipling (1865/1936)

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Medo da solidão



“... Aquilo que encanta também guia e protege. Apaixonadamente obcecados por seja o que for que amemos – barcos à vela, aviões, ideias – Uma avalanche de magia aplaina-nos o caminho, dilui regras, razões, divergências, transporta-nos sobre abismos, temores, duvidas, sem o poder desse amor somos barcos imobilizados em mares de tédio, mortalmente...
Quanto mais esclarecidos nos tornamos mais nos deixamos de poder conformar seja com quer for, seja onde for.
Quanto mais aprendemos mais devemos esperar viver sozinhos ...”
~ In “ A ponte para a eternidade”
(Richard Bach)
M/P
Estes pequenos estratos espelham claramente pensamentos, sensações e outras emoções que a vida me tem feito sentir, e não me sinto triste, apenas acho que tenho medo da solidão.
Sei que compreendem e aceitam o meu ser, às vezes até com um certo orgulho.
Assim como eu me orgulho de ser vosso.
03 Março 1990 +/- 9 horas
R.Miguel

Mudança


Uma mudança de velocidade, mudança de estilo, mudança de cenário,
A oportunidade de olhar admirado à distância,
Ainda ocupado até te esqueceres...
Cores diferentes,
Nomes diferentes
Por cima dos mesmos erros cometidos eu fico com a culpa...
Directamente és tão culpado, para veres carregas uma arma e ficas apontando à cabeça, assim tu o dizes.
Partilhas uma bebida e vais até lá fora, a voz de fome e aquele que chora.
Nós damos-te tudo, e mais ainda, a dor é demasiada, nós não aguentamos mais, assim tu o dizes.
Num mundo de sonhos partidos, e acabado de acordar sinto a dor a arder, tentei levantar-me e não fechar os olhos.
Pegou numa arma, deu um tiro em si próprio, mas escreveu antes de morrer, chorou por ajuda no seu mundo vazio, anda pequeno irmão deixa-me pegar na tua mão.
Então diz-me tu, o que é melhor? O que é melhor?
É só o suicídio?
Existem momentos bons para compensar os maus!
Dá-me a tua mão mano, e deita a cabeça em meu peito. Estou aqui...
algures 1995
R.Miguel