segunda-feira, 20 de julho de 2009

A Felicidade de Tom Jobim







Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor

A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
e tudo se acabar na quarta feira

Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar

A minha felicidade está sonhando
Nos olhos da minha namorada
É como esta noite
Passando, passando
Em busca da madrugada
Falem baixo, por favor
Prá que ela acorde alegre como o dia
Oferecendo beijos de amor

Tristeza não tem fim
Felicidade sim

sábado, 18 de julho de 2009

Poema de Luís Represas - "Feiticeira" Lyrics




De que noite demorada
Ou de que breve manhã
Vieste tu feiticeira
De nuvens deslumbrada

De que sonho feito mar
Ou de que mar não sonhado
Vieste tu feiticeira
Aninhar-te ao meu lado

De que fogo renascido
Ou de que lume apagado
Vieste tu feiticeira
Segredar-me ao ouvido

De que fontes, de que águas
De que chão de que horizonte
De que neves, de que águas
De que sedes de que montes
De que norte, de que lida
De que deserto de morte
Vieste tu feiticeira
Inundar-me de vida...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Pão, marmelada e queijo fresco

Com uma tablete de chocolate de kilo na mão a minha vontade de comer continuava a aumentar e nem me preocupava com as roupas apertadas devido à celulite e afins acumulados…
As férias estavam a decorrer como planeado, termas, calma, paz, campo etc. Mas este bicho da madeira que faz um barulho, rhum, ruhm, rhum irritante, estava a incomodar-me. Tentei acalmar-me e ver no meu intimo o que me estava a acontecer… Era um ainsatisfação de tal modo agressiva, que dei comigo a implicar, com tudo e com todos, daí a satisfação com que o chocolate estava a ser devorado!
Para além de todo o bem estar das termas, estava a precisar de ver e conversar com as pessoas, ouvir suas histórias e poder contar as minhas. Saí do edifício e entre cada pedaço de gulodice que ingeria melhor era a minha disposição.
Dei a volta à vila e sentei-me num jardim com uma sombra deliciosa, sentei-me num dos bancos onde se encontravam duas pessoas.
Boas tardes, disse eu. Boa tarde? Só se for para si, respondeu-me uma das senhoras enquanto a outra me olhava de soslaio, garatujando algo que para mim não foi perceptível, e afastou-se.
Mas que mundo o nosso comentei! Dei as boas tardes de um modo tão simpático que seria para dispor bem, e não criar azedume em ninguém.
A senhora que se mantinha sentada, olhou-me bem nos olhos e perguntou:
- A menina não é daqui pois não? Não, respondi. Sou do Alentejo e vim até cá para fazer uns dias de termas, mas estava com muita curiosidade de conhecer a vila e as pessoas que a habitam, a senhora é de cá? Sou sim menina. Neste local do país as pessoas do sexo feminino são tratadas por menina, independentemente da idade que tiverem. - E continuou, nasci e vivi sempre aqui em Montebelo, só fui ao Porto duas vezes ver um parente que estava mal.
Dou toda a minha atenção a esta anciã, e encetamos uma longa a agradável conversa. Com um aspecto lindo, olhinhos azuis pequenos, mas muito ternos, que sorriam conforme nossa conversa crescia, magrinha mas rija de cajado na mão para amparar o peso dos anos. A senhora Rita - assim é seu nome , começou a contar-me o inicio da formação de sua aldeia.
Sabe menina há muitos, muitos anos, no tempo dos primeiros reis um homem do povo cometeu um crime, nem sei qual, e o castigo dele foi ser posto a viver neste monte sem ajuda de ninguém e obrigado a viver aqui vinte anos.
O homem veio e como era muito trabalhador e organizado, começou a construir a sua casa de pedras e ia agarrando e prendendo o gado que apanhava na serra. No Inverno isto é demasiado frio, mas com a lenha que guardava, caça que apanhava, frutos existentes com abundância, depressa o homem se organizou, para que a sobrevivência lhe não fosse tão penosa.
E o homem conseguiu, foi o primeiro habitante de Montebelo, com o decorrer dos anos o homem já tinha sua vida organizada, e com bens suficientes para que pudesse fazer troca por outros que lhe faziam falta e de que tinha saudades. Então decidiu arriscar e procurar uma aldeia onde pudesse trocar seus haveres por outros, num dos cavalos selvagens que conseguiu agarrar, e que já fazia parte dos seus bens, colocou-lhe uns alforges, feitos de vime, onde colocou: - queijos, caça, frutos e peles e lá seguiu pelos montes de modo a não ser apanhado pela guarda do rei. Claro tão perto estava que foi dar a Espanha. Não se atrapalhou, conseguiu fazer a troca por bens de que muito precisava e voltou feliz para a sua prisão…
Tantas vezes fez a viagem que acabou por se enamorar e o amor era recíproco, por uma bela e trabalhadora mulher da orla espanhola.
E foi este o primeiro casal que fez nascer esta aldeia, disse ela a senhora Rita.
A senhora Rita estava feliz por poder contar possivelmente mais uma vez a sua história da sua aldeia a pessoas de outros lugares, mas a falarem a mesma língua que a sua.
E a encantadora senhora estava tão eufórica pela atenção com que a ouvi, que me diz: menina é já aqui a minha casa tenho que lhe oferecer um pouco de pão feito por mim com marmelada e queijo fresco, e um belo chá de tília que tenho aqui no quintal… É obvio que era impossível dizer não, eu própria queria continuar a ouvir as maravilhosas e sábias palavras da bela senhora.
E lá seguimos, ela amparada no meu braço como se me conhecesse de toda a vida. Eu toda orgulhosa por ir ao lado de uma senhora com todas as letras.
De repente lembrei-me e perguntei! Senhora Rita gosta de chocolate? Claro que sim menina, quem é a mulher que não gosta? Então fazemos uma troca, eu dou-lhe o meu chocolate de kilo, a que já falta umas duzentas gramas e a senhora dá-me um belo lanche de pão com marmelada e queijo fresco? Negocio fechado, vamos lanchar menina.
No dia seguinte e outros que se seguiram minhas tardes eram preenchidas na companhia alegre e serena da bela anfitriã.
Sempre que lá volto, não esqueço de lhe levar o chocolate. Assim como não me esqueço de comer pão com marmelada e queijo fresco, graciosamente oferecido pela menina Rita.

Dia 12 de Julho de 2009

Margarida simão
>

terça-feira, 7 de julho de 2009

Dia soalheiro


Neste dia solarengo, espreguicei-me e sorri…
As crianças brincavam,
Os pássaros chilreavam,
As árvores baloiçavam,
As flores abriam-se e floriam,
A relva era regada,
O comboio apitava e chiava,
Borboletas de mil cores fugiam,
Toscanejar e rabujar de velhos
Os cães rosnavam,
As formigas passavam,
Os gatos miavam,
E eu? Eu sorrio. Sorrio para à vida…
Sorrio para o sol, O sol sorri para mim,
As ondas me elevam , O mar me anima,
As algas me dão vida, e eu transmito vida,
Vida vivida, vida amarga, vida salgada,
Vida vivida, vida de amor vida de dádiva,
Vida de flores, de cores, de luz…
Vida de amor.
7 de Julho 2009
Margarida Simão