sexta-feira, 13 de março de 2009

Pesadelo

Andava vagueando pelas salas num passo bem lento porque para apreciar todas as belezas expostas, só mesmo com muito tempo. O edifício era bem alto, tipo palacete com paredes grossas e janelas em ogiva. O dia estava muito claro, o sol era muito luminoso… Como sempre, os meus filhos acompanhavam-me nestes passeios e visitas às exposições, que tantas vezes fazíamos…
A verdade é que, de um momento para o outro, deu-me a sensação de ter ficado só. Olhei em redor não via vivalma. De um momento para outro desapareceu-me o meu filho mais velho.
Tentei chamar, gritar, mas a voz estava presa. Nem um ruído saía. Que desespero o meu! Transpirava! O esforço que fazia para me mover e gritar era em vão. Nem uma sílaba saía – estou louca, pensei. Não estou neste local!
Mas como que por assombro meu, vi um vulto aparecer a uma das muitas portas, e eu sem conseguir falar. O vulto, que era nada mais nada menos que um amigo de meu filho diz-me de um modo cruel, teu filho morreu. Encontra-se no velório da igreja para ser cremado.
Fiquei louca! Corri para o rapaz e bati-lhe tanto, que pensei, também o mato! Até que alguém me arrancou o rapaz das mãos.
De modo mais racional, pensei eu, e comentei: meu filho não vai ser cremado sem ser autopsiado. Primeiro exijo saber a causa de sua morte…
Ouvi uma voz desconhecida que disse, não tens o direito de exigir nada. Teu filho já fez dezoito anos e pediu para que assim fosse!
Acordei… Estava louca, impávida, de olhos arregalados, as lágrimas caindo e o pranto era de tal modo que nem me conseguia mexer… com medo de ser verdade.
Foi um pesadelo. Um pesadelo que se repete muitas vezes em meus sonhos!
E o medo de perder quem tem uma vida para viver enlouquece-me!
Pela ordem normal da vida eles é que terão um dia de fazer o luto por mim. Sobrevivendo-me.

05 Março de 2009

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