quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O Meu Mundo


Ao fundo ouvia-se o coaxar da rã.
A menina rã estava desolada, já era noite alta e ela encontrava-se só, muito só…
Queria arranjar uma companhia para que a solidão terminasse, e não se sentisse tão sozinha, naquele belo lago rodeado de árvores e arbustos e flores em abundância, até rosas de porcelana havia.
Como não tinha transporte para se deslocar, lá foi dando uns saltos aqui outros acolá. Sempre atenta aos perigos que lhe poderiam deparar…
Sempre atenta a outros animais que ameaçavam a sua existência.
Depois de muito caminhar, e já o sol despontava no horizonte a bela rã deu com uns olhos meigos que a olhavam com ternura, de uma bela rã macho! Linda de morrer!… Deu-lhe uma quebra de tensão, sentiu-se tão mal que logo a rã macho se prontificou para a ajudar. Era mesmo isso que ela pretendia e sentiu-se desfalecer nos braços fortes daquele que viria a ser o seu amado.
Olharam-se nos olhos tão intensamente, que logo se aperceberam que não mais se haviam de separar.
Depois de ter encontrado seu amado, e numa certa manhã de Inverno do ano de 1995, em que a chuva e o frio gelava os ossos, a vontade de saltar da cama tornou-a lerda.
Mas era necessário que a vontade se impusesse. E assim, de um salto a senhora rã de seu nome Taly, precisava de prosseguir seu caminho em busca da restante família de seu marido. Deu um salto da fôfa cama feita com pétalas de flores, e debaixo de uma gigante folha de bananeira.
Seu marido o senhor rã macho, de seu nome Ochaki, perdeu-se de sua família havia já um tempo.
A Taly vendo seu amado Ochaky sempre tão triste, decidiu que haviam de fazer umas viagens procurando a família perdida.
Taly era uma bela rã, pernas esguias, e bem ágeis verde-claro da parte superior e com uns tons amarelados na parte inferior, a barriga bem lisa de um branco pérola, olhos vermelhos luzidios, assim como sua língua, seus lábios bem desenhados esses eram de um tom preto brilhante, sua lombeira de um verde lago, quando a olhávamos sentíamos como que uma calma e paz interior, porque suas cores eram refrescantes e serviam-nos de tranquilizante.
Ochaky uma bela rã macho pôs a sua boina lilás ma cabeça, agarrou o seu trompete, que lhes fazia companhia em longas caminhadas e lá seguiu com sua amada em busca da sua família.
Os seus saltos ágeis e elegantes, convidavam-nos a rebolar nas ervas para que sentíssemos o cheiro da terra molhada. À noite quando nascia a lua e as estrelas nos servem de companhia é belo de ver os dois Taly e Ochaky rebolando na frescura do verde das ervas, como que a agradecer à natureza toda a beleza em seu redor.
E assim os dois se puseram a caminho, com uma bela trovoada como companhia… Seguiram por caminhos desconhecidos, e seguindo o instinto do sr. Ochaky, os saltos de ambos eram elegantíssimos e rápidos, depois de várias horas de folha em folha, de tronco em tronco, ficaram extasiados com um lago pequeno, mas com uma água transparente, cheia de nenúfares, o cheiro puro que se exalava, os deixava como que embriagados de tamanha beleza, o lago estava rodeado de altos arbustos, hortenses e orquídeas de várias cores. Ficaram sem conseguir articular palavra, deitados de costas com os braços atrás da cabeça e saboreando o resultado da caminhada.
Perderam-se no tempo a contemplar o paraíso que os rodeava.
O sol estava a tocar a o limite do horizonte com uns tons vermelhão e laranja lindos… despertando-os para uns sons que provenientes do outro lado do lago.
Aproximaram-se para ver quem os despertaria da sua felicidade pelo paraíso encontrado, e as suas bocas de lábios bem pretos brilhantes abriram-se de alegria, e coaxaram tão alto que assustou os outros habitantes do lago, correram para eles e abraçaram-se até perder o fôlego… Encontraram a família do sr. Ochaky, a felicidade era total, pela família encontrada e pelo paraíso descoberto.
Taly e Ochaky decidiram que esta seria uma boa opção para aumentar a família que queriam ter, e criá-la num paraíso terrestre, que o animal racional ainda não tinha descoberto.
01 Setembro 2009
Margarida Simão

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